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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O espaço entre o inicio e a volta, parte II

- Alô?!
- Paulo?
- Eu mesmo, quem fala?
- Não conhece mais a voz da sua mais melhor amiga de todos os tempos?
- A quanto tempo você tá de volta e não me contou? Sua retardada, vou te matar!
- Tá livre hoje?
- Hmm, as cinco no lugar de sempre!
- Até...

Voltei para casa, tinha bastante tempo até as cinco, bastante coisas a fazer e  vontade nenhuma.
Comecei a abrir algumas caixas e tentar organizar as coisas, na casa ao menos por que na minha cabeça as coisas andavam totalmente desajeitadas, mas isso já fazia parte da minha vida. Achei o cd dos "Engenheiros do Hawaii ao vivo", em uma das caixas, coloquei no último volume, a música fazia com que o pequeno apartamento ficasse um pouco mais cheio.
O sol brilhava pela janela, já devia estar no minimo uns 35ºC e a recém estávamos na primavera, com o passar do tempo esqueci que o sul do Brasil tinha apenas duas estações, frio congelante e calor derretente, eu gostava disso.

 "Mas ei mãe, alguma coisa ficou para trás, antigamente eu sabia exatamente o que fazer."

Era incrível como minha música favorita sempre fazia sentido em quase todos os momentos da minha vida.
Fiquei mexendo nas coisa, arrumando o que já dava para colocar no lugar fui diminuindo as caixas, almocei comida congelada, fetuccini ao molho branco e ervilhas, e salada com um belo copo de coca cola gelada.
Abri o notebook e consegui roubar a internet do bar da frente, entrei na redes sociais e lá estavam as mesmas coisas de sempre, post's do dia anterior sendo felizes por ser sexta, gente sofrendo por amor, gente amando, gente mostrando as festas badaladas do último final de semana, indiretas pra um, pra outros... AI MEU SACO!
O relógio marcava 15:50, tá legal, hora de começar a se mexer e achar uma roupa decente para ir no meu café favorito encontrar a minha pessoa favorita no mundo. Paulo era meu amigo de infância, conheci ele no primário, em um recreio os dois corriam de um lado para o outro até que nos batemos de cabeça e fomos juntos para secretaria com um galo gigante na testa, depois disso só nos separamos quando fui morar na Europa, e tinha muuuita conversa para colocar em dia.
Cheguei antes dele é obvio, ele sempre se atrasava no minimo uns cinco minutos para tudo, pedi um capuccino com muita canela e pouca chantilly em cima, quando ele chegou já tinha bebido a metade.
Um abraço forte.
- Que saudade, pensei que teria que ir até lá ver você.
- Não seria uma, má idéia!
- Tá, agora me fala o que te fez voltar do seu sonho? Pensei que ia morrer lá e não voltaria nem como espirito pra me ver.
- Para falar bem a verdade, cansei de tudo, por mais que tivesse amigos lá, senti saudade dos daqui. Parece que aqui eu não fico tão sozinha.
- Não entendi, achei que ficar sozinha era a sua intenção
- Era...
- Já falou com ele, ou ao menos pensou em falar?
- Pensei e repensei, quatro anos não é um dia ou dois em que você pode dizer "oi, tava com saudade como vai as coisas", sabe...
- É, ou.. "oi, que saudade de você me desculpa por ser uma piranhuda e sair repentinamente da sua vida"
- Piranhuda? Cala a boca!
- E o que você vai fazer da vida aqui?
- Dar aulas de Inglês é minha primeira opção.
- Nossa, que horror...
- Cala a boca, haushaus, não sei o que vou fazer, tenho que procurar alguma coisa.
- Não precisa mais trabalhar né, você deve estar riiica.
- Vai sonhando.
- Hmmm, acho que hoje o seu dia vai ser mais transtornado do que imaginava, olha quem vem atravessando a rua bem na nossa direção...


Continua...

Parte I

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